Alfredo da Mota Menezes

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População, televisão e o impacto em Cuiabá 3j324i

Antes, famílias cuiabanas, no final da tarde e inicio da noite, sentavam juntas com vizinhos da mesma rua para longas conversas até a hora de ir dormir 3h6l5k

Cuiabá tinha 56 mil habitantes em 1960. Em 1970 sua população já era de 100 mil pessoas. E foi dando saltos populacionais, em 1980 já ava de 200 mil. Em 1990 ultraou os 400 mil habitantes. Hoje, segundo prévia do último censo do IBGE, tem perto de 700 mil habitantes. Em 60 anos a população local subiu mil e duzentos por cento.

Alfredo
Alfredo da Mota Menezes

O impacto populacional foi muito forte. O poder público não conseguia seguir o que estava acontecendo e os problemas, em diferentes áreas, foram acontecendo. Bairros novos surgiam por todos os lugares. De uns tempos para cá, com a diminuição daquele embalo populacional enorme, é que começou uma nova situação de atendimento público às coisas da cidade.

Também, naquele momento de crescimento demográfico acentuado, em 1968, chegou a televisão. Trazia, como é natural, costumes e comportamentos de outros lugares que vão impactar as coisas locais.

Antes, famílias cuiabanas, no final da tarde e inicio da noite, sentavam juntas com vizinhos da mesma rua para longas conversas até a hora de ir dormir. Daqui a pouco, com a televisão, esse costume acabou, todo mundo assistindo novelas e noticiário. A linguagem de outros lugares chegava pela televisão diariamente.

Houve ainda impacto na telecomunicação. Antes, para se comunicar com alguém fora, era uma dificuldade. Para fazer um interurbano era necessário ir à central telefônica estatal.

Com a telecomunicação chegando, a antiga Cuiabá se conectou com o Brasil e o mundo em velocidade muito maior que nos velhos tempos de telegramas, cartas ou complicados interurbanos. A televisão a a ter matérias diretas de fora, incluindo novelas e noticiários. Tudo isso trouxe impacto na cultura e comportamentos local.

A classe média e a elite da cidade procuraram se adaptar ao novo tempo. Usaram logo a linguagem diferente e mais próxima do outro Brasil. Era uma maneira de se comunicar e interagir com a enorme massa de chegantes à antiga e pacata capital.

Pela força da tradição popular, e também porque o novo momento não atingiu certos lugares, aceita-se a hipótese de que a Cuiabá mais distante, do povo mais pobre, é que manteve as tradições locais. Não foi a classe média ou a elite que estavam em contato com os novos hábitos ou ainda pelas muitas idas e vindas ao Rio de Janeiro e outros lugares do país.

Foi o homem comum que segurou o que se tem hoje como legado cultural da cidade e região. A linguagem característica foi mantida por eles, veja até hoje o caso dos ribeirinhos.

A música popular, como o cururu e o siriri, não faziam, naquela época, mais parte do cotidiano da elite e da nova classe média. Sim do homem comum.

A cultura popular segurou boa parte da tradição, mesmo com a enxurrada de gentes e novos e diferentes costumes, repete-se. Hoje até membros da elite local respeitam essa cultura, coisa que não era muito comum em certo momento da história desta cidade.

Este conteúdo reflete, apenas, a opinião do colunista Alfredo da Mota Menezes , e não configura o pensamento editorial do Primeira Página.

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